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Cartografias da Memória

Metodologia de intervenção comunitária que possibilita a construção de um conhecimento integral sobre o território, elaborado de modo participativo e horizontal por meio da investigação-ação-participativa. Na Cartografia Social faz-se uso de instrumentos próprios da construção de mapas e da iconografia (representação visual de símbolos e imagens), mas o foco principal é favorecer a reflexão sobre a conjuntura local a partir da perspectiva da própria comunidade, levando em consideração desde aspectos macro a aspectos micro, assim como aspectos objetivos e subjetivos do grupo com o qual se trabalha.

A partir das contribuições trazidas pela escuta clínica psicanalítica, procura-se dar outros sentidos a esta metodologia, tomando-a, em primeira instância, como um disparador de fala. Os recursos de representação, a escolha da escala, a simbolização, o mover a memória para a reconstrução do cotidiano e o desenho do bairro e o deparar-se com outras perspectivas e narrativas dos diversos participantes: tudo isso promove um entrecruzamento espaço-temporal potente para o desencadeamento de processos livre associativos em que narrativas transformadoras podem emergir.

Assim, a partir da identificação das estruturas públicas e privadas do território, das dinâmicas sociais, das relações de poder, conflito, exclusão, desigualdade e violência, de mobilização social, lutas e resistência, a produção dos mapas individuais e coletivos - além de ser uma potente ferramenta que possibilita a construção do conhecimento sobre o território desde uma perspectiva comunitária que pode culminar no engajamento e compromisso social dos participantes - é uma ferramenta para mover nossas memórias, favorecendo a ressignificação de nossas relações com o espaço e o tempo, a geografia e a história, a comunidade e a família e, por fim, consigo próprio.